terça-feira, 6 de janeiro de 2009
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Descobertas, decepções, amores - Parte II Ele estava agoniado. Ia de um lado pro outro, sem saber no que fazer ou pensar. Pensou em chamar os amigos e ir beber. Mas era cedo ainda. E de que graça teria sair com amigos, sendo que Jean não taria junto? Eles sempre saíam juntos. Tentou ver algo na TV, mas nada o agradava. Ficou assim o dia inteiro. Não sabia no que pensar. Até que se rendeu e ligou pro Jean.
- Alô?
- Oi, Jean...
- Victor? Que que foi?
- Eu só to agoniado, só isso. Não estou sabendo direito o que pensar. Você pode vir pra cá?
- Posso, claro, já estou indo.
Victor desligou o telefone e pôs a mão na cabeça. Incrível o tanto de coisa que aconteceu nas últimas horas. Ele não conseguia entender porque a cabeça dele havia virado tanto assim.
Jean chegou em alguns minutos. Victor foi correndo abrir a porta.
- O que houve? tá tudo bem? - Perguntou Jean
- Não. Na verdade não. Estou muito confuso.
- Quer desabafar?
- Aquilo que você falou pra mim no banheiro me deixou muito estranho. Mas não foi de um jeito ruim. Me senti diferente, sabe. E apesar da sensação ser boa, não acho que seja uma coisa boa.
- Por que não?
- Porque ser gay não é facil nem comum, sejamos francos. Fora que minha família, meus amigos, meu trabalho...
- Mas quem falou em você ser gay?
- Ah, mas... Subentende-se.
- Hmm, acho que você acabou de assumir.
- Não, não mesmo.
- Eu nem falei em você ser gay. Você que falou. Ou seja...
Victor abriu a boca pra falar, mas a fechou.
- Eu nunca tive experiências com homens! Nunca passou pela minha cabeça que eu pudesse ser gay!
- Pra tudo tem uma primeira vez.
- Ah, como se fosse fácil assim. Ficamos juntos por algumas horas e eu ignoro toda minha vida até agora. É isso?
- Não estou falando dessa forma, Victor. Não dificulte.
- Claro que está. Jean, você já se descobriu há muito tempo. Eu... Eu sei lá o que estou fazendo com minha vida! Você bagunçou tudo.
- Victor...
- É sério. O que está acontecendo comigo? Preciso de um balde de água fria, de um tapa no rosto, de um psiquiatra. - Disse Victor quase chorando, e rodando pelo apartamento.
- Victor...
- E você ainda fica aí, ignorando o que estou sentindo. E ainda me trata como se eu tivesse acostumado com essa situação.
- Victor...
- E parece que pra você foi muito fácil descobrir que gosta de homens. Você trata como se eu fosse um idiota exagerado e dramático.
- Victor...
- O que foi, Jean? Fala.
- Victor. Por favor, acalme-se. Ficar nesse estado de euforia não vai ajudar em nada. Sente, respire, e feche seus olhos. Agora eu quero que você faça uma retrospectiva da sua vida até agora. Tudo que você passou, e o que aconteceu entre nós. Faça um balanço. Compare. Pense. Sinta. Não precisa ser agora. E não te acho um idiota exagerado. Pelo contrário. É super normal. Se estou sério, ou algo assim, é porque estou tentando conter minhas emoções. Eu te amo... E não quero que isso seja uma pressão. Você quer que eu fique aqui ou vá embora?
- Não sei.
- Vou fazer um chá pra você. Deite e faça o que eu pedi.
Jean foi pra cozinha e engoliu em seco. Victor estava chorando. Fez o chá e levou para ele.
- Victor, como você está se sentindo?
- Confuso.
- Estou me sentindo um pouco culpado.
- Por que?
- Olha só para você. Se eu não tivesse falado o que falei, você continuaria igual sempre foi.
- Esse é o problema. Começo a achar que o que eu era, não era eu mesmo. Era apenas uma enganação.Porém, é difícil pra mim admitir isso.
- Entendo... Você quer que eu vá embora, e depois a gente se fala?
- Não sei. Acho melhor você ir. Preciso de um tempo pra pensar.
- Tudo bem então. - Jean foi dar um beijo de despedida em Victor e ele virou o rosto, fazendo com que se beijassem. Jean afastou.
- O que houve?
- Não sei se é bom pra você fazermos isso.
- É pior se não fizermos.
Victor puxou Jean e eles colntinuaram a se beijar, e assim ficaram por um bom tempo, até que adormeceram juntos.
Jean acordou e viu Victor sentado na janela, fumando constantemente.
- Ei, volta pra cá e deita comigo. - Disse Jean manhoso.
- Já tô indo.
- Aaaah, vem logo, vem.
- Ok, estou indo. - Disse Victor sorrindo.
- E aí, como você está?
- Estou... normal. Eu tava pensando na vida, e em nós dois.
- E o que você pensou?
- Eu... O que eu pensei? Haaam...
- Fala.
- Eu acho que estou apaixonado por você, Jean. E não sei se isso é bom.
- Sério? Uau, isso me pegou de surpresa.
- É... Eu estava fazendo o que você me pediu. Fiz uma retrospectiva e analisei toda minha vida.
- E você está falando sério mesmo?
- Sim, estou. - Disse sorrindo.
- Você percebe como isso é sério?
- Percebo.
- Você sabe que se resolver realmente se apaixonar por mim, terá que enfrentar a vida preconceituosa que terá pela frente?
- Sim.
- Então... Acho que não tem outra coisa a fazer senão...
- O que?
- Isso pode parecer muito antiquado, mas... Victor, quer namorar comigo? - Perguntou jean com os olhos brilhando.
Victor sorriu.
- Sim.
E foi assim que aconteceu. Começaram a namorar e aos 4 meses de namoro, Victor decidiu se assumir para os amigos, trabalho e família. Estava deslumbrado. Estava levando uma vida ótima ao lado de Jean. A cada dia ele se apaixonava mais, e esquecia da vida que levava antes. Passava o tempo, e Victor foi sentindo uma certa dependência de Jean. Até que um dia Victor teve que viajar, e chegou dois dias antes do esperado, para poder fazer uma surpresa para Jean.
Chegou na casa de Jean e abriu lentamente a porta da sala para não fazer barulho, e foi entrando no quarto dele, que estava de porta fechada.
- Amor, cheguei. - Disse Victor sorrindo. Abriu a porta e seu sorriso sumiu. Deixou as malas caírem no chão e arregalou os olhos. Tinha um homem de 4 na cama, enquanto Jean metia por trás. - QUE PORRA É ESSA?! Seu idiota. Vai se fuder. - Disse Victor saindo correndo do quarto.
Jean pôs as mãos na cabeça e vestiu as calças.
- Victor, espere! - Disse Jean agarrando o braço dele.
- Espera o quê, Jean? Eu cheguei mais cedo, e sabe por que?
- Pra me fazer uma surpresa?
- Não apenas isso. Amanhã nós fazemos 6 meses. Ou mulher, faríamos. E aí, eu chego na casa do meu namorado, e o que eu vejo? Acabou. E nem tente vir se desculpar.
- Victor, por favor, deixe-me falar.
- Não.
- Por favor...
- Ok então. Fale.
- Eu tenho medo de relacionamentos sérios de longa data. Aliás, não consigo manter. Me desculpe, mas ainda não estou preparado para isso. Eu te amo, mas não consigo...
- Ótimo. Você não terá mais que se preocupar com isso, lhe garanto. Sumirei da sua vida, e você poderá ter seus casinhos, igual com esse puto em cima da sua cama. Até mais.
Victor saiu do apartamento, chorando, e Jean ficou estático, sem saber o que fazer.
- Err, oi, tudo bem? - Perguntou um homem para Victor no restaurante.
- Tudo.
- Desculpe se incomodo, mas observei que você está sozinho, e parecia que você estava muito concentrado em pensamentos antigos. É apenas um palpite.
- É, era justamente isso.
- Quer conversar?
- Não, tudo bem.
- Estou te incomodando?
- De maneira alguma.
- Então deixe-me apresentar formalmente. Meu nome é Roberto, muito prazer.
- Prazer, Victor.
- Então, já que você não quer conversar sobre o que passava na sua cabeça, quer conversar sobre outras coisas? Garanto que posso ser uma boa companhia.
Victor pensou duas vezes antes de responder. Estava sofrendo muito e não sabia se conseguiria conversar, porém, aceitou.
Passaram-se duas horas, e eles continuavam conversando. Riam muito. Victor se identificou muito com Roberto, e até conseguiu distrair seus pensamentos. Chegavam cada vez mais perto. A conversa entre os dois dava certo, será que fisicamente daria certo também? Roberto beijou Victor. Sorriram. Há duas horas atrás, Victor achava que sua vida estava perdida, e que tinha jogado tudo fora quando se assumiu gay. Porém, ele viu que as coisas não funcionavam assim. Ele estava ali, com um homem maravilhoso, e conseguia não pensar na decepção que Jean lhe causou. Estava feliz e tranquilo.
Jean passou em frente ao restaurante, e viu Victor rindo e pegando na mão de Roberto. Sentiu seu coração apertar, e a culpa cair. Ele sentiu o peso de ter feito o que fez. Pensou em entrar no restaurante e falar com ele, mas achou melhor nçao. Não queria estragar mais uma vez a vida de Victor. Foi embora.
Eu e ela ás
14:38,