sexta-feira, 17 de outubro de 2008
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Descobertas, decepções, amores - Parte I Victor rodava sua taça de vinho, saboreando o odor maravilhoso daquele vinho francês. Ele estava em um restaurante que ele costumava frequentar com Jean. Ah, como era bom estar com ele. Victor sentou, se lembrando da sua vida de 6 meses atrás, até aquele momento.
Victor e Jean eram amigos. Se conheceram no trabalho, e tiveram uma ótima afinidade. Saíam juntos, bebiam juntos, se tornaram amigos de verdade. Victor tinha uma ótima relação com a família, tinha dinheiro, um bom cargo no trabalho, saía e pegava quantas mulheres ele quisesse. Morava sozinho, e gastava boa parte do seu dinheiro em coisas supérfluas. Nunca se apaixonou. Era um heterossexual convicto. Nunca duvidou de sua orientação sexual. Jean fugiu de casa aos 15 anos, fazendo com que ele nunca mais falasse com ninguém de sua família. Conseguiu empregos fracos, até que fez um curso e conseguiu entrar na empresa que Victor trabalhava. Ele era gay, mas não havia se assumido no trabalho, nem pro Victor. Jean não gostava de relações sérias, devido à decepções que teve com alguns homens. Já se apaixonou perdidamente por alguns, e sofreu tanto, que pensou em suicídio.
A amizade deles se fortalecia cada vez mais. Eles conversavam sobre tudo. Se abriam, choravam, desabafavam. Mas mesmo assim Jean não contou de sua orientação sexual, achando que Victor não aceitaria. O tempo foi passando, e o que não deveria acontecer, aconteceu: Jean passou a gostar de Victor. E aí, já não teria mais como esconder. Um dia eles estavam no banheiro, conversando sobre coisas do trabalho, e Jean resolveu contar.
- Não aguento mais o Roberto. Ele não pára de me mandar fazer coisas. Acha que sou empregado dele. Estou ficando cansado disso. Estou pensando em me despedir. - Disse Victor lavando as mãos.
- Victor, preciso falar com você. - Disse Jean encostado na pia, olhando para baixo.
- O que houve? - Perguntou Victor olhando pra ele.
- É muito difícil. Espero que você saiba encarar isso.
- Independente do que for, somos amigos, e eu sou adulto. Vou saber encarar.
- Eu sou gay, Victor. E isso não é o pior. Estou começando a gostar de você. - Disse ainda olhando para baixo.
Victor arregalou os olhos. Continuou olhando para Jean. Engoliu em seco. Não sabia o que falar.
- Uau, por essa eu não esperava.
- Desculpa falar isso, mas estava me incomodando. Se não quiser mais falar comigo, entenderei. - Disse Jean saindo do banheiro.
- Não, espera aí. - Disse Victor puxando ele. - É claro que não vou parar de falar com você.
- Que bom.
- Olha... É só que... Eu não curto, sabe. Eu nunca tive experiência com homem, e sei lá.
- Não estou falando pra você ter.
- Ah, sim. Claro. - Pigarreou.
- Mas usando como base o que você falou... Se você nunca teve experiência com homem, como saber se você não curte?
- Bom, eu simplesmente... - Victor parou, pensativo, e ficou olhando para a porta. - Não sei, eu gosto de mulher. Nunca parei pra prestar atenção em homem.
- Tudo bem, eu entendo. Já fico muito feliz de você não ser homofóbico. Pra mim é o que precisa. - Disse Jean saindo do banheiro.
- Ei, espera. E quanto... a você gostar de mim? Não quero que você sofra.
- Não vou sofrer. Vou simplesmente lidar com isso. Relaxa. - Forçou um sorriso.
Jean saiu do banheiro. Victor viu ele ir embora. Faltava duas horas para o trabalho acabar, mas ele pediu pro chefe para sair mais cedo. Estava confuso. O chefe fez cara ruim, mas liberou-o.
Victor chegou em casa e deitou em seu sofá. Ficou confuso pensando no que aconteceu no banheiro. Ele teoricamente teria uma reação estranha, mas não teve. Ele não sabia no que pensar. E estranhamente, ele estava pensando nos olhos de Jean, no sorriso falso dele... Bateu na cara. O que é isso? Ele estava pensando em Jean de outra forma. Jogou água gelada no rosto e se olhou no espelho. 'O que está acontecendo comigo?'. Ligou para Jean.
- Você pode vir aqui pra casa? - Perguntou Victor, sem pensar no que estava fazendo.
- Tem certeza?
- Sim. Você está ocupado?
- Não, não estou fazendo nada.
- Então venha, estou esperando.
Desligaram o telefone. Victor pôs a mão na boca. Por um momento ele não conseguia pensar em nada, a não ser em Jean e no que ele disse. Ficou olhando para o nada por um tempo, e Jean tocou a campainha.
- Oi. - Disse Victor.
- Oi, que que aconteceu?
- Senta aí.
Sentaram. Victor chegou perto.
- Olha, eu não sei o que aconteceu comigo, mas me senti estranho desde a nossa conversa.
- Me desculpe. Não era a intenção.
- Não, tudo bem. Não é uma sensação ruim, só não sei o que é.
- Hmmm...
- Eu sempre fui heterossexual. Não posso ser gay. Não é isso.
- Talvez seja...
- Não, eu não sei, realmente. Nem sei porque te chamei aqui.
Jean chegou mais perto dele. Pegou na mão de Victor. Victor não sabia se soltava a mão ou não. Mas deixou a mão lá.
- Me desculpe se te confundi. - Disse Jean chegando cada vez mais perto.
- Eu... Não.. Você.. Não.. Confundiu? - Victor engolia em seco.
Jean estava a centímetros da boca de Victor. Ele conseguia sentir a respiração ofegante de Victor em cima da boca dele. Passou a mão nos peitos de Victor e o beijou. Se deitaram no sofá, ainda se beijando. Victor não estava conseguindo pensar nada. Ele só queria mais, muito mais. Fizeram sexo ali mesmo, no sofá. Um sexo quente, delicioso e duradouro. Sexo oral, anal, guerra de espadas. Passaram-se duas horas, e eles nem perceberam. Dormiram abraçados.
Jean acordou 3 horas depois e viu Victor ao seu lado, abraçado com ele. Jean pôs a mão na cabeça e pensou 'o que estou fazendo?'. Ficou olhando para Victor, e logo ele acordou. Olhou para Jean e ficou envergonhado.
- Nossa... O que aconteceu aqui? - Perguntou Victor.
- É, eu não sei, mas foi bem intenso.
- Eu não deveria fazer isso. - Disse Victor andando rapidamente para seu quarto e vestindo uma roupa.
- Eu acho que você não faria isso à toa.
- Não. Foi você que colocou coisa na minha cabeça.
- Não pus nada e não te forcei a nada. Você foi porque quis. Não ponha a culpa em mim - Disse Jean se levantando e pondo a roupa.
- Não estou pondo! Não disse isso... Eu simplesmente não sei.
Jean ficou parado olhando para ele, sem saber o que fazer.
- Acho melhor você ir embora agora... - Disse Victor olhando para a janela.
- Tudo bem. Me ligue, ok.
Victor fez que sim com a cabeça. Jean saiu.
Victor sentou no sofá, pôs as mãos na cabeça e tentou pensar no que aconteceu. Era sexta-feira, e ele achava bom que não teria que ver Jean nos próximos dois dias. Mas ele não sabia se queria isso. Ele realmente estava muito confuso e não sabia porquê. Resolveu dormir.
Acordou no dia seguinte e chorou. A cabeça dele estava com um mix de pensamentos que o rodeavam sem parar. Ele pensou em ligar para Jean, mas não sabia ao certo porquê. Ele estava sentindo algo muito estranho. Algo que ele sentiria naturalmente por uma mulher. Algo que ele já havia sentido antes. Seu coração acelerou.
Eu e ela ás
12:19,